quarta-feira, 8 de julho de 2015

Andorra Ultra Trail, MITIC 112km 9700D+ 30H28 ida ao Comapedrosa

    

Muito há para falar desta aventura por Andorra, é pena que só mesmo indo lá e viver aquilo é que se sente, tal como eu já tinha lido e pesquisado, mas só agora depois de lá ir é que consegui perceber.
    


    Penso que o principado de Andorra se divide em 2 zonas distintas, a parte abaixo dos 2000mts como imensas árvores típicas dos Pirenéus e as zonas altas mais descampadas, ora com enormes pastos e riachos da neve, ora de rochedos,  em em todas com trilhos e caminhos escondidos, em todas sempre com riachos do degelo.


    No primeiro dia em Arcadis, no nosso passeio de descompressão e adaptação a 2400mts, o estágio de andar no gelo/neve iria revelar-se fundamental, pois este ano os picos ainda tinham neve/gelo em algumas passagens e o skisku foi inevitável :-), desse primeiro dia ficará retido na memória o voo das 5 águias que nos sobrevoavam, foi espectacular.

    Desde 2013 que namoro Andorra e desde essa data que falava no gosto de participar na Ronda del Cims, depressa o meu meio me abriu os olhos e conseguio demover-me, em 2014 foi um desastre, e quando me foi apresentado o MITIC pelo Miguel e toda a sua paixão por Andorra, depressa percebi que esta versão era acertada, não dava o passo maior que a perna, iria ficar a conhecer a morfologia da prova, iria fazer 2 noites, iria aos sitios mais duros, e acabava por ser mais dura por km que a Ronda 172mts positivos para os 160mts da Ronda, sim basta perceberem que aos 92km de prova no MITIC leva-se 9700d+ este seria o grande desafio 2015.

    A Ana com o trabalho a apertar na escola não pôde ir, o Miguel que também iria participar, devido à sua recuperação estar a demorar mais tempo que o esperado, não pôde participar, seria a Daniela e eu no MITIC, e mais 5 Portugueses, na Ronda (170km 13400d+) estariam 8 Portugueses, na Celestial (85km 5000d+) 1 Português e na Maratona (42km 3500d+) 9 Portugueses, os 25 bravos do pelotão.

   A Celestial é a menos agressiva em termos de acumulado, logo uma excelente opção para aquele trailer mais na descontra, começa à meia noite, mas como às 5 da manha já é dia, depois tem 17 horas de dia :-), esta versão vai dar animo à malta do MITIC na noite.

    Ronda partiu sexta às 07h00 da manhã, ainda deu para ir ver um bocado ao almoço ao abastecimento dos 30km em Arcadis onde pude ver os duros da Ronda e o Mota, o Pedro andava a aproveitar as vistas e a distanciar-se da prova.

    18H00 dormir? descansar? quem consegue? lol modo MITIC ON, começar às 22H00, começar quando começamos a bucejar de sono, zzzzzzzzzz, quando de repente começam a tocar os tambores, faltava menos de 30 minutos para as 22H00, o coração estava a bombar aos ritmo dos tambores, daqui até Margineda foi tudo muito instintivo a adrenalina tinha percorrido o meu corpo todo.

    Quando tocam os sinos de Ordino a dar as 10 badaladas é dada a partida. Ultra? 112km? 9700d+? Comapedrosa? quando dou por mim temos 5 kms em terreno falso plano a subir, ao fim de 5 km levava 28 minutos, e estava ai a meio do pelotão, passado um pouco atravessamos a estrada e começamos a subir, UFA estava a ver que não começávamos a subir :-)) as longas e longas subidas, duras e técnicas, um pouco mais aqui, outro pouco mais ali, passava 2, passavam-me 1, lol, a meio já quase ninguém passava por ninguém,  nas descidas lá ia o Hélder e ninguém o passava, eheheheh, quando dou por mim estou à entrada de Comapedrosa, 1 km vertical em 2 km de distancia dos 1950mts aos 2950mts, a trepar autênticos calhaus, lá em cima na crista para o lado esquerdo está uma falésia com 1 km vertical, a malta da gaita de foles está calada, na subida só 1 passou por mim, na descida passei uns 10 eheheh.


   E sempre com este espirito lá fui andando até Bony de la Pica, onde amanheceu eram 05h00, faltava-me a brutal descida para Margineda 1500mts de desnivel em 7,5km demorei perto de 1 hora e 40, cheguei ao saco cansado mas descansado, descansado pois iria fazer a subida mais longa pela fresquinha e longe do calor do meio dia, mas estava pálido, estava mal disposto, o Miguel e o Pedro foram impecáveis grandes amigos, tomei um brufen e fui serra acima bem na descontra tipo subida do Curral das Freiras, fui 1 hora a pingar água o meu corpo estava a limpar os bichinhos que me puseram mal disposto :-), sabia que agora até ao fim da tarde iria ser dificil recuperar força, e que teria que gerir as subidas e deixar soltar nas descidas, aqui nesta subida percebi que as 24 horas estavam perdidas e que poderia tentar as 28 horas.

    Acho que o caminho para o col de Pessons não esquecerei, o trilho ao lado do rio, a quantidade de banhos, enchi os cantis de água fresquinha do gelo, os terrenos cheios de poças e riachos, e o calor 34 graus...começou o fotógrafo :-) o col de Pessons é de uma beleza indescritível, por entre os seus calhaus, a vista é a perder, a descida é fantástica.



    A meio do caminho do 2º saco um rapaz da org informou que teríamos de seguir cerca de 1 km o estradão e descer, era a subir e quando vi a malta ia lá em baixo, bolas tinhamos perdido as fitas, nesse engano passaram os 7 que tinha passado na descida, perdi muito tempo, estas desatenções pagam-se caras, depois lá engrenei mas os meus pés estavam a dar sinal, tinha que urgentemente trocar os ténis e meias, as bolhas estavam a aparecer e aonde eu estava bem que era a descer as bolhas iriam começar a ser outro travão.

    Cheguei ao saco todo frustado de me ter perdido e dos pés estarem a ceder, novamente o Miguel e o Pedro estavam lá e foram uma grande ajuda e apoio, quando abro o saco caiu-me tudo fiquei desesperado, os outros ténis bons tinha-os posto no saco de Margineda, e neste saco uns velhos da ASICS sem rasto, foi o meu fim, nunca mais consegui ter confiança, era escorregadelas atrás de escorregadelas, as bolhas apareceram em força, enfim...mas nem tudo era mau pois nem 19h00 eram estava no saco e a Daniela tinha-me apanhado, faltavam 3 montinhos (como dizia o Miguel só falta 1 montinho).



   A noite estava à espreita, aqui já tinha percebida que se calhar nem as 28h00 poderia dar e que o importante era acabar, daqui até ao final fui sempre em companhia da Daniela, temos ritmos diferentes, mas acho que nos juntámos numa boa altura, era a 2ª noite, as bolhas, o cansaço...

    Quando estávamos a 1 terço de acabar o penúltimo montinho, cai a noite eram  22h00, faltava acabar a subida, fazer uma pequena descida( atenção quando falo pequena, são 500mts de altitude em terreno extremamente técnico e desnivelado) abastecer, fazer o último montinho ( atenção foi um filme de terror, o gráfico mal, a meio temos um plano na encosta ai a 2500mts de altitude a atravessar gelo\neve) onde dei um espectáculo de quedas (malditos ASICS) mas lá chegámos ao pico e começamos a descida interminável para a meta de 20kms, foda....bolas até Sorteny o abastecimento foram 800 mts de desnivel em terreno intragável, mesmo depois de Sorteny ainda apanhámos técnico, riachos, subidas no meio das descidas, um autentico terror :-)

    Foi bom chegar a Ordino ter os amigos Miguel e Pedro acordados à espera e a fazerem companhia nos últimos 500 mts, a eles o meu obrigado, obrigado e parabéns à Daniela, foram 30h28 e podia ter sido mais, como também poderia não ter acabado, por isso tenho que ficar feliz.



    Vim a Andorra, acabei o MITIC e sabendo o que se passou na prova, e corrigindo algumas coisas, sei que esta prova para mim é prova para 24h00.

    Cada momento desta aventura fazia-me lembrar sempre provas que eu já tenho concluidas, hoje sei que quem tiver o UTSM pelos charcos\bolhas e calor, o MIUT pelos desniveis e amplitudes térmicas, e degraus, UTAX  e FREITA pela técnicidade e agressividade, são pessoas que podem ousar vir a Andorra, nós por cá até temos umas provas que nos dão bagagem, só temos é de as completar respeitar e aprender com elas.

    Passado uns dias de ter terminado esta aventura apoteótica sinto que já posso ousar tentar a Ronda, não sei quando poderei voltar, ás vezes não basta ter nozes tem que haver dentes lol, se voltar por certo será para tentar a Ronda tal como tentei o MITIC, sem medo e sem vergonha, tentei as 24h00 e acabei com 30h28, tentar a Ronda e tentar as 40h00 ;-)

    No final sinto-me orgulhoso pois, tenho umas bóias, não tenho treinador. Tipo bad boy!
    

   
   

terça-feira, 14 de abril de 2015

MIUT, Madeira Island Ultra Trail, VII edição 2015







Em 2013 o post foi muito do coração, quem quiser um romance terá que ler o meu post do MIUT 2013


Pois, o tempo é e será sempre um quebra cabeças no MIUT, mesmo tando bom tempo as amplitudes térmicas rondam sempre entre a noite e o dia, no Norte, ou Sul, ou ao nivel do mar, ou nos picos da ilha, sempre variações nada menos de 20 graus de amplitude, a juntar a isto em meia duzia de horas um aviso amarelo de mau tempo pode-se instalar, nunca é fácil, em 3 edições já apanhei a ilha de maneiras diferentes e isso marcou a prova. Estudar o tempo e estar preparado para tudo é crucial.


Ao meu amigo Queirós, aqui ao meu lado, que é extraordinário, que já vai mentalizado para apreciar cada momento, sem nunca se preocupar com tempo, chega ao nascer do Sol de Domingo, muita classe, um enorme atleta.










Tenho pena de não me tirarem fotos, quer na descida do Faial, quer na descido do Poiso...sempre a bombar :-)


Muito se fala, muito se opina, mas nada como viver e sentir, não foi uma, não foi duas, mas sim 3 presenças, na prova mais linda, na prova mais dura, na prova mais espectacular Nacional.

Ah e tal, este ano foi mais duro, ah e tal este ano foi mais fácil..., bem santa ..., cada ano tem o seu Q, Se no final tem menos uma subidita, é porque a meteram no começo, lol. Se o terreno estava menos escorregadio, é porque a temperatura estava mais pesada, mais quente..., se alguns melhoraram muito os tempos, se calhar é porque sabiam ao que vinham, foram uns bons alunos e aprenderam a lição...lol, cada vez há mais edições, cada vez há mais informação, e logo só subestima quem é tonto. È certo que um azar pode acontecer a qualquer um, como a mim em 2014, e não se pode facilitar, e nem vir a dormir...esta é a receita mágica. Sim pois vir na treta e levar com a segunda noite é muito exigente, não me tivesse acontecido isso em 2013.


Felizmente, ando um pouco na corda da bamba nestas coisas, e tanto encaro uma prova na treta e brincadeira e companheirismo, como a encaro de uma forma mais solta e competitiva, é claro sem esquecer os meus propósitos. Lamento informar alguns que, não tenho treinador, não tenho programa de treinos, não fiz um único degrau de preparação ( aliás quando eles aparecem a sério, já estamos todos esfarrapados), lamento informar que não me depilo, que não faço suplementação, não treino mais de 7 horas por semana, tirando umas provas, estrategicamente escolhidas para treinar e curtir;-), sim sei treinar em provas, faz bem sabiam?

Saber andar solto, saber recuperar, saber sobreviver, saber relaxar, saber divertir e saber atacar são a chave do sucesso

Acima, a única foto por mim tirada, momento simbólico este, pois foi a meio desta subida ( subida do Curral da Freiras )  que em 2014 desisti, soube bem chegar lá acima e respirar fundo olhando para o horizonte, tive de fotografar.


Muito calmante, lá me apróximei da bola  do Pico Areeiro escondendo um enorme cansaço... 



Como tal, se este ano tínhamos o D+ quase todo na primeira metade, nós só tínhamos era de ter juízo, confesso que como no ano passado passei uma má temporada de desistências, inclusive aqui no MIUT, e como este ano estaria sózinho, eu estava apreensivo, mas confiante, o objectivo eram as 23H00, e as 23H00 estavam com margem em Estanquinhos 05H44 (sim aqui não podem dizer que foi mais fácil ou difícil, simplesmente foi igual, mas já levava menos 02h00 para 2014) e comecei a acreditar, na parte central, na subido do Pico Ruivo e entre os Picos, a coisa foi bastante dura ( coisa que eu já estava a contar, era ir andando), ai as 23H00 continuavam com margem, decidi relaxar até ao Poiso e encher a máquina de energia, foi muito acertado, o homem da organização disse que teria cerca de 2 horitas de dia, e que eu em uma hora punha-me lá em baixo, eh eh eh eh, ri-me para ele, e disse-lhe, amigo já tenho 90kms nas pernas. Chegou a hora, arrumei os bastões e lá fui para os últimos 27kms em contrarelógio, foi brutal 7,66 kmh até à Portela, depois seguiu-se duas séries à Benfica 6,82 kmh, e depois foi só gerir na levada para a chegada a Machido, foi impressionante em 27kms tirei 01H18 à estimativa de chegada, um prémio à minha gestão, um prémio à Ana Santos que acaba por ser o meu 'treinador',



Resta-me dizer que, a noite caiu já eu estava na Ribeira Seca, aqui sim uma vantagem, não ter feito a Portela e as Fonduras de noite, finalmente vi o mar ao fundo das Fonduras na falésia, e realmente é um local mágico :-) ainda vi o começo da maldita última súbida de 2013, mas vi as fitas para a direita e vi um trilho bem direitinho em direcção a Machido, brutal eheheheheh

Sim, treinadores de séries e suplementação 


NÃO NOS ENSINAM A FAZER PROVAS DESTAS


Obrigado ao Miguel Bernardino, pelo apoio e pelas enormes dicas, obrigado ao Hélder Costa pela força e informações.


Bem e quanto aos tratores ( Ultra Raptor de La Sportiva ), foram 5 estrelas, foram 115km sem espinhas, sem bolhas, sem unhas negras, quase dois anos à espera de uns, mas valeu a pena :-), parece-me que sairam aos bastões, aquilo é mesmo bom, dura e dura, e dura...


Claro, esta edição para mim teve pouco de romancismo, isso foi em 2013, e toda a sua magia, até qualquer dia MIUT :-), no fim de contas, temos de apostar em ou acabar antes das 24H00, ou então ir preparado para o pior, que é a 2ª noite, seja qual for o objectivo sinceramente não sei qual o mais sofrível :-), se achei ser possível fazer abaixo das 24H00 e isso aconteceu, agora acho ser possível baixar das 20H00, basta afinar umas arestas, menos polidas ;-) até qualquer dia, mas por certo para a próxima em verdadeiras férias jejejejejejeje

K115 6900D+, 6900D-, partida 00H00, 
Porto Moniz-Machico
dorsal 65 Hélder S G Pinto
Finisher com 21H42, em 84º e 46º escalão
Bem é claro na prova, depois respectivamente no ATRP, lá irei baixar umas 20 posições
No Ultra Trail World Tour, não faço a minima ideia, lol mas um 84 é um 84, e um 46 é um 46
jejejejejeje


A minha Aninha :-) Parabéns


K85 4100D+, 5400D-, partida 07H00, 
Estanquinhos-Machico
dorsal 600 Ana Paula Santos
Finisher com 16H27, em 74º e 2º escalão





segunda-feira, 30 de março de 2015

VII TRILHOS DO PASTOR

VII Trilhos do Pastor,
 31,7 km, 950D+, 03H18,



 treino solto a pensar no MIUT,  a começar bem cá detrás
as meninas pareciam estar com frio hihihihihi

A Ana ia toda contente, mas mal sabia ela que a prova estaria mal marcada,
um cruzamento entre a caminhada e o trail sem orientação, ditou um erro de 2km a subir,
mas no trail é assim, e desta feita foi ao ar uma boa possibilidade de pódio


Eu a seguir lá fui, ao meu ritmo a subir posições,
nas grutas era pisca à esquerda e cá vai disto,
e finalmente a primeira subida


Ritmo demolidor e inquebrável da Ana, 
no começo das provas é banal, no final é surpreendente!!



A passagem pela Pia do Urso
uma passagem obrigatória 


A Aninha já depois de ter andado 2km aos gambuzinos
tinha que recuperar mais de um quarto de hora perdido,
tendo chegado a aparecer atrás do vassoura,
muita classe tem esta sra do trail
sempre de cabeça erguida e bem disposta ainda chegou ao 7º


O Hélder andava a soltar o javali
um sangue puro 
2 costelas Transmontanas
A perna é mesmo, pata porco preto
Aos 20km levava 01h57




No esplendido Vale do Fetal, 
a meio da grande subida veio esta prenda
Recanto esplêndido este!


Curiosidades
Aos 29km a distância de 2013, levava 03h03
Os últimos 3km levei menos de 15 minutos
Na última milha fiz 07M13, e com 30km nas pernas!
Fechei com um 63º na geral a menos de 3 minutos do 50º






Foi uma prova deliciosa, 
onde a ideia era fazer um treino solto
Os trilhos foram fantásticos
Hoje não sinto ácido nas pernas...
Se conheci os meus limites? Não!
As sensações foram boas, e a má forma do começo de 2014 parece ser passado
Sem corantes e nem conservantes
lá vou eu caminhando
e correndo hihihi
E a Aninha apesar de tudo
apesar de tudo, acabou feliz,
acabou, sabendo que está em grande forma