quarta-feira, 29 de maio de 2013

Sabor amargo da conquista



Meses a namora-lo
Fotos lindas
O desafio era atentador
Inicialmente a ideia foi atravessar a ilha a pé e íamos aos 85k
A Ana picou-me o juízo, vamos lá e não fazemos a grande?
O meu coração saltou, e depressa essa ideia cresceu dentro de mim ao lado dela
Foram meses de preparação
Ultras atrás de ultras sempre em ritmos de endurance
Em algumas situações podia-se ter andado mais rápido
Em outras em maiores distancias
mas o nosso objectivo era o MIUT 116k




e assim foi 


Da esquerda para a direita, eu, a minha Ana Santos o João Lamas e o João Queiróz
Claro tivemos o espectacular Rodolfo Rapaz, e o Otavio Melo que não aparecem nesta foto
mas acabaram por fazer parte desta aventura


Ia preparado até aos dentes
a Ana foi mais minimalista, mas ia com um grandioso sorriso
o Rodolfo mais relaxado, mas mais apreensivo pois já sabia ao que vinha...
a decisão foi partir sem impermeável, foi no bolso, o João igual e a Ana depressa quando começou a subir se juntou a nós ehehehheheheehehehe


este cimento tinha mais de 25 % de inclinação e levou 45 minutos a ultrapassá-lo, o aquecimento estava feito
tinha os tempos todos estudados, quer para fazer bom tempo quer para não ser barrado
estava-mos 5 minutos atrasados, nada mal, nada de especial :-)
na descida começa o nosso calvário, mais 20 minutos ao ar, era muito técnica e havia fila
quando entrámos na seguinte subida foi de uma violência incrível, nunca mais acabava e de uma inclinação ofegante, quando chegámos ao 1º cp já levava 1 hora de atraso à melhor estimativa, e estávamos perto de sermos barrados, a Ana muito triste pois ela gosta de andar descontraída, tinha que levar com pressão e dar corda aos sapatos, e aconteceu o pior cai nevoeiro serrado, os óculos da Ana andavam sempre embaciados, ela não podia usar as lentes de contacto, por motivos médicos.
Se a subida demorou muito tempo e foi desgastante, a descida enorme e técnica com o nevoeiro não correu melhor, e a Ana desesperada por querer correr, e não ver o caminho, dissemos ao João para seguir, pois não sabíamos se íamos chagar atrasados, foi quando o dia começou a vir, metemos o nosso passinho
disse-lhe que ainda dava, ela já estava a animar, e conseguimos :-)
O João estava triste no abastecimento, ficou contente por nos ver, o abastecimento estava cheio de malta
que ia desistir, depois aparece o Rodolfo, tranquilo mesmo em cima do tempo.
Os Estanquinhos ficarão guardados cá dentro, de mim e da Ana, era o primeiro local que víamos desde a partida, em 32 km e 3000 d+, 7h30 incrível
olha-mos uns para os outros e acordámos pelo menos tentar o próximo controle de tempo o curral das freiras, tínhamos até às 14h
e com um caldinho de galinha, uma sandes de banana e queijo, bolo da madeira e um café nos posemos ao caminho :-)  eu a Ana e o João
a seguir o percurso correu na normalidade, descontraídos e felizes e ainda deu para umas fotos


o cp das 7h30


o Rodolfo...cheguei a perguntar porquê não andar connosco, mas .... ele gostava de subir mais calmo
ainda não sei o que se passou, mas deverá ter chegado ao poiso muito fora do tempo, foi uma pena
agora tem que se juntar a nós e voltar lá :-)


sitios lindos, escadas e mais escadas,
andámos sempre em trilhos ou caminhos, escadas e escadinhas
um infinito de escadas lol
quer para cima quer para baixo
quer de pedra, quer de cimento, quer de troncos e quer escavados
brutal


as levadas,eram levadas e mais levadas, cada uma maior que a outra, uma de noite outras de dia, com e sem nevoeiro, simplesmente deslumbrante





este foi o abastecimento mais calminho, sempre muito bem tratados :-)
o próximo troço para o curral era como verão a seguir







este percurso pedestre, foi loooooooooooongo, a subir e o calor apertava, seguido da descida do curral, muito desnivelada, pedra solta e areias, muito escorregadia, daqui para a frente iria perder a minha disponibilidade física e amimica para as fotos
estávamos animados, tínhamos chegado 20 minutos antes do limite do tempo
trocar de ténis, abastecer os sacos, e caldinho de galinha, sandes de banana e queijo, bolo da madeira e cafézinho ;-) lol
ia começar o assalto ao pico ruivo 8.9km a subir
esta subida tem duas histórias, a primeira parte, debaixo de um intenso calor foi fustigadora e duradoira
com degraus, sem degraus, no meio de eucaliptos, lá íamos...tinha enchido o saco de água, foi toda.
Finalmente tinha ficado mais suave e começávamos a entrar pelas nuvens a dentro, e as rajadas de vento gelado começavam a atacar, brbrbrbbrbrrbrbbrb
havia uma tenda de socorro da organização e estavam lá desistentes, nem sabíamos , o que nos esperava a restante subida no perfil era mais suave, mas tornou-se quase algo tirado de um filme de terror
vento, nevoeiro grandes degraus molhados, escarpas um sobe e desce constante, os quadrix aqui começaram a queimar a sério, o desgaste fisico e mental começava-se a sentir a olhos vistos, cada curva cada clima, ora sol, ora nevoeiro, ora calor, ora rajadas de frio foi algo que não esquecerei
só a por e a tirar impermeável foi de loucos
irei por algumas fotos tiradas por um outro aventureiro
que tendo sido mais rápido até tirou fotos dos nossos percursos finais nocturnos





aqui foi o último descanso mais um posto surpresa com líquidos, e ia começar o troço que deu cabo de toda a gente, o carrossel para o pico areeiro
simplesmente deslumbrante e duríssimo
onde a Ana sempre andou à frente a puxar pelos pastelões eheheheeheeehh
até me troça o coração, de nós os 3 ela sempre esteve mais fresca, sempre mesmo no momento do abandono

















e com esta imagem nos despedimos do pico areeiro, desta maravilha da natureza
e entramos no cp do areeiro
eram 19h40, tínhamos 3 horas e 20 para chegar ao Poiso
e ainda precisávamos de descansar
o nevoeiro já nos tinha envolvido totalmente, bem como o vento e o frio
a noite estava a 1 hora
e ra quase impossível chegar ao outro cp
tínhamos de descer numa hora e subir em duas
a Ana sentiu-se mal, pois lembrou-se da 1ª noite e os óculos, e não conseguiria ir ao ritmo necessário
por não ver, e temia pela sua segurança, ela disse que não iria continuar para não nos empatar
quase que chorei, e disse-lhe que ficava com ela
ela olhou-me bem dentro, agarrou-me e disse-me, eu fico bem, tu estás bem vai acabar isto com o João
o João que tinha a sua lanterna do chinês estragada, lol ficou com a da Ana
prepará-mo-nos bem e com um grande aperto dentro de mim deixei o abastecimento e a Ana
Para o ano voltamos para acabares Ana ! :-)
Não sei do que foi, mas fomos por ali abaixo que nem uns doidos
nem parecia que tínhamos 78 km nas pernas daquela dureza
fizemos 8 km numa hora, e a noite caiu já estávamos a subir para o poiso
mas o que eu temia aconteceu
e o aperto não nos perdoou até ao final
foi de dores e sem forças
finalmente chegávamos ao Poiso e com alguma folga
foi o último abastecimento que consegui comer de jeito
o calvário afundava-se, mas 25 faltavam, e o próximo objectivo era o próximo cp e a descer
no meio do vento, por debaixo das árvores a deixarem cair água com o vento daquele nevoeiro macabro







o poiso

já comia uma bananinha da madeira ehehehheeh

de seguida foi aquilo ao que eu chamo de uma autentica caminhada e luta contra tudo, a distancia, o nosso corpo tudo...e a partir do percurso do maroços começou a tourada a sério
os olhos a fecharem, as tonturas, o sono a dominar o corpo
era o João faz um trote estou quase a dormir
e o meu trote mais valia estar quieto lol
e ele dizia eu a andar ando tão rápido que o teu trote, lol
não havia condições.....
foram horas muito violentas a todos os níveis




do abastecimento dos 20 km saímos a pensar nos dos 12km como meta
claro foram 3 longas horas, num sobe e desce, tudo parecia grande e enfadonhos muros
dos 12km ficámos a pensar no abastecimento dos 3 que afinal faltavam 4,5km :-(
uma longa e sacrificante descida para Manchico, as pedrinhas pareciam grandiosos degraus.
a levada final foi interminável.







e assim se chegou a Manchico



29h19 116k 7000d+ 


O João Lamas e eu tínhamos conseguido superar esta prova e nós próprios
a nossa união
o nosso controle
 a nossa força interior
e a Ana Santos 
deu-nos este prémio
com o sabor amargo de a Ana ter ficado nos 78 km
dedico esta conquista à Ana Santos

e como temos de pensar em algo, porque não....



vamos nesta :-)